O PALHAÇO QUE ME HABITA
O PALHAÇO QUE ME HABITA
No camarim da vida, onde as máscaras são pintadas,
Escondo-me nas sombras das memórias descartadas.
Ponho-me de ponta cabeça pra enganar o trajeto da lágrima.
Visto-me de alegria, disfarces, sonhos, fantasias
Para que tanta acrobacia?
Vejo a alma chorar calada a existência mascarada.
Durante o dia, sorrisos e, na solidão da noite, encenação.
Quando me coloco de cabeça para baixo, os sonhos se desfazem
E as pinturas ficam borradas pelas lágrimas da desilusão.
Troco de máscaras tentando me reconhecer
Na distância entre quem fui, e quem hoje me fiz ser.
Nas luzes do picadeiro, todos aplaudem, e eu me questiono
Quem sou eu em minha própria natureza, afinal?
Em meio aos risos que ecoam, nunca mais me encontrei.
Descobri que na ironia da vida habita o sorriso que nunca dei.
Pois as máscaras que visto, são apenas disfarces
Onde estão as minhas bases, meu riso, minhas verdades?
No picadeiro da jornada, onde todos são aprendizes?
Não, não é assim...
Vou acabar com este circo.
Eu estou no final do espetáculo, quando as luzes se apagam.
No silencio do camarim, sem o ruído da plateia, sem mascaras,
sem fantasia...
Completamente despida de mim.
É neste lugar de encontro que o espetáculo chega ao fim
Porque somos algo além de tudo isso.
Somos algo além das sombras e enganos
Na verdade, somos todos palhaços,
Tecendo juntos, Fios humanos.