O Templo
Escapa-me por entre os dedos
tuas lembranças
Escapa-me, mesmo, a cor que cintilavam
em teus vívidos olhos
Escapam-me as palavras ditas
os silêncios incômodos
os cômodos nos quais éramos eternos
Escapa-me o teu sorriso
do qual só lembro o sentimento
que ele me trazia; fazia dia da noite!
Escapam-me os toques, beijos e sussurros
Enquanto esmurro minha memória
no desespero de tentar lembrar-te
Pois a arte de lembrar é fuga
Escapa-me tanto e quase tudo
por entre os dedos impotentes pelo Tempo
(que controlavas).
Só resta o Templo que erigimos
em meio às ruínas de nossas almas
que perderam, aos poucos, a sua fé.