O Templo

Escapa-me por entre os dedos

tuas lembranças

Escapa-me, mesmo, a cor que cintilavam

em teus vívidos olhos

Escapam-me as palavras ditas

os silêncios incômodos

os cômodos nos quais éramos eternos

Escapa-me o teu sorriso

do qual só lembro o sentimento

que ele me trazia; fazia dia da noite!

Escapam-me os toques, beijos e sussurros

Enquanto esmurro minha memória

no desespero de tentar lembrar-te

Pois a arte de lembrar é fuga

Escapa-me tanto e quase tudo

por entre os dedos impotentes pelo Tempo

(que controlavas).

Só resta o Templo que erigimos

em meio às ruínas de nossas almas

que perderam, aos poucos, a sua fé.

Marcelo Simas Pereira
Enviado por Marcelo Simas Pereira em 26/09/2024
Código do texto: T8160662
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