Chão de terra
A cama e a janela
uma calcinha rota sobre a colcha
no guarda roupas - somente cabides pestilentos
a cortina, sozinha voava
feito borboleta ao fim de seus dias
Na mala carcomida
trapinhos coloridos, sem rostos -
na expressão do abandono
desce a lágrima
Sandália furada na terra batida
foram-se as pegadas (tantas que...)
nenhuma "colheita" a mais foi rompida
sobre o sangue da virgem,
só lembranças fétidas
Sobre a cômoda órfã
apagada está a lamparina
só contornos no escuro
tantos sonhos...
tantos dias -
noites vazias de amor
Na espreita, atrás da porta
um olho fincado na madeira, espia:
Morte? Não tenho certeza...
Talvez outro suplício