(re)tecendo Raízes

"Minha jaboticabeira em flor,

Quanta flor,

Em minha jaboticabeira..."

Depois de desfraldar as intimidades humanas,

Tropeçar na própria sombra,

Viajar à liberdade de lugares improváveis,

Desafiar raios de Sóis, Luares e arrebóis,

Cruzar vaus perigosos,

Travar batalha com fantasmas em noites escuras,

Dormir com serpentes peçonhentas e leões famintos em valas fundas,

O peregrino sobe a colina,

Constrói uma tapera de taipa no topo,

Com fogão à lenha,

Banho de serpentina,

Fumaça na chaminé,

Comunicação móvel é;

Cultiva uma horta dentro do pomar,

Da aurora até escurecer,

Ouvir os pássaros cantar,

Cachoeira chuá;

Uma vez lá no topo,

Abraça o isolado silêncio da Natureza;

E não há dinheiro e status que o compre ou vírus pandêmico que o descubra,

Afinal, para peregrinar por onde peregrinou,

Não deixam entrar,

Sem no passaporte conter a chancela da vacina tomada,

E pela felicidade,

Assinada.

Deveras,

Convenhamos,

Que Grilo é o bicho;

Bicho que sabe o que quer,

E por ser Bicho do mato,

Matas não se matam,

Preservam-as,

Amam-as,

Procura paisagens mansas,

Belas,

Cadentes,

Para pintar um quadro singelo,

E pelo o resto da vida,

Suas botas de couro e chapéus de palha,

Esconder,

As origens, os costumes e as raízes,

Esparrama-las,

Fazer renascer.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 07/12/2023
Reeditado em 08/12/2023
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