(re)tecendo Raízes
"Minha jaboticabeira em flor,
Quanta flor,
Em minha jaboticabeira..."
Depois de desfraldar as intimidades humanas,
Tropeçar na própria sombra,
Viajar à liberdade de lugares improváveis,
Desafiar raios de Sóis, Luares e arrebóis,
Cruzar vaus perigosos,
Travar batalha com fantasmas em noites escuras,
Dormir com serpentes peçonhentas e leões famintos em valas fundas,
O peregrino sobe a colina,
Constrói uma tapera de taipa no topo,
Com fogão à lenha,
Banho de serpentina,
Fumaça na chaminé,
Comunicação móvel é;
Cultiva uma horta dentro do pomar,
Da aurora até escurecer,
Ouvir os pássaros cantar,
Cachoeira chuá;
Uma vez lá no topo,
Abraça o isolado silêncio da Natureza;
E não há dinheiro e status que o compre ou vírus pandêmico que o descubra,
Afinal, para peregrinar por onde peregrinou,
Não deixam entrar,
Sem no passaporte conter a chancela da vacina tomada,
E pela felicidade,
Assinada.
Deveras,
Convenhamos,
Que Grilo é o bicho;
Bicho que sabe o que quer,
E por ser Bicho do mato,
Matas não se matam,
Preservam-as,
Amam-as,
Procura paisagens mansas,
Belas,
Cadentes,
Para pintar um quadro singelo,
E pelo o resto da vida,
Suas botas de couro e chapéus de palha,
Esconder,
As origens, os costumes e as raízes,
Esparrama-las,
Fazer renascer.