Um sol pintado a sangue

Gaza é o horror

É a parte que não queremos ver

Quando olhamos pro espelho

É uma dor que pesa

Mais que a Terra sobre os ombros

Esfolados de Atlas

Gaza é o silêncio retumbantes dos mortos

Gaza é os corpos sem nome, invisíveis

Gaza é a humanidade reduzida a pó

É a mãe, o tio, a filha, o amigo, os avós

Gaza somos todos nós

Soterrados pela iniquidade e frieza

Gaza é a Igreja da nossa hipocrisia

É o dedo de Deus apontado para nós

E o dedo dos homens apontado para Deus

Gaza é os escombros do que um dia chamamos

De civilização

É o dia seguinte do apocalipse

Onde o horizonte tem fim

E onde jaz a esperança

Sob o desenho de um sol

Que o menino fazia na areia

E pintou a sangue

Gaza é uma dor que pesará

Sob os ombros esfolados da humanidade

Até que o último homem retorne

Ao pó dos escombros do que chamávamos

De civilização

Marcelo Simas Pereira
Enviado por Marcelo Simas Pereira em 18/11/2023
Reeditado em 18/11/2023
Código do texto: T7934647
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