Um sol pintado a sangue
Gaza é o horror
É a parte que não queremos ver
Quando olhamos pro espelho
É uma dor que pesa
Mais que a Terra sobre os ombros
Esfolados de Atlas
Gaza é o silêncio retumbantes dos mortos
Gaza é os corpos sem nome, invisíveis
Gaza é a humanidade reduzida a pó
É a mãe, o tio, a filha, o amigo, os avós
Gaza somos todos nós
Soterrados pela iniquidade e frieza
Gaza é a Igreja da nossa hipocrisia
É o dedo de Deus apontado para nós
E o dedo dos homens apontado para Deus
Gaza é os escombros do que um dia chamamos
De civilização
É o dia seguinte do apocalipse
Onde o horizonte tem fim
E onde jaz a esperança
Sob o desenho de um sol
Que o menino fazia na areia
E pintou a sangue
Gaza é uma dor que pesará
Sob os ombros esfolados da humanidade
Até que o último homem retorne
Ao pó dos escombros do que chamávamos
De civilização