O Eu Morto
Quando faz-se poesia
o poetar serve de abrigo
mero disfarce à luz do dia
é a morte do eu antigo
nasce o poeta à revelia
condenando ao jazigo
o que antes não escrevia
a poesia é um perigo
desnudar-se a cada verso
colidir com o seu reflexo
e encarar o seu reverso
questionando, mesmo, o nexo
de escolher rumo adverso
deixa o eu morto perplexo