Do que não era sonho

Hoje caiu da cama o que era sonho

Acordando-me do que era morte

E o corte me foi tão fundo

Que eu vi que o que era mundo

Era um segundo,, não mais, que um universo

E eu, imerso na ilusão que era sonho o que não era paz

Capaz, não fui, de perceber que estava

Num campo de batalha infinda

Ainda que não houvesse sangue

Nem sempre há sangue nos fins

Nem sempre há vida onde morte não havia

Como nem sempre é dia quando não se chega a noite

A cair da cama profunda de algo que não era sonho

E tampouco poderia se chamar de realidade

Ou morte, o que, verdade, não parecia ser

E o poema, que não pretende nada

Senão dizer que nele não cabem certezas

Só a beleza da dúvida humana

Insana mania de tirar o equilíbrio dos passos

E o rumo definido dos caminhos

e os espinhos das rosas perfeitas

O poema, que mergulha e nada encontra

No mar profundo, do meu eu raso

Se rasga em folhas coloridas pela criança

Sopro de esperança, luz e alívio

De que não era sonho

Era vida, enfim

Pois nos fins, nem sempre há sangue.

Marcelo Simas Pereira
Enviado por Marcelo Simas Pereira em 24/02/2023
Código do texto: T7726901
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