ENTRE ESTAÇÕES

ENTRE ESTAÇÕES

 

Eu ando por entre estações,

E sempre há inverno e verão,

Mas posso cruzar as nações,

E ver tundras ou as monções.

 

Enquanto houver sul e norte,

Mas ser a divisa no equador,

Eu sei que terei minha sorte,

Ligada a quem buscar o amor.

 

Eu falo de amor com ternura,

Por causa do frio e o calor,

Que cobre carne com gordura,

E deixa peludo um castor.

 

E todos os humanos no frio,

Se guardam diante à lareira,

Mas isso foi antes do estio,

Que fez da mata uma clareira.

 

Agora, sem flora e abelhas,

O que aguardo será nosso fim,

Ao ver com mercúrio a centelha,

Do incêndio que vem ao jardim.

 

Verei muita bala e estorvo,

E não mais terei rio limpo,

Sem ver gentileza ao povo,

Mas só faroeste e garimpo.

 

Serão tempos de adultério,

Com Roma e Nero de volta,

Ou será o fim do mistério,

Pelo mundo que se revolta.

 

É o fim, me diria Platão,

Mas o fim é engodo moderno,

E Cartago sofreu com Catão,

Só que hoje nada é eterno.

 

Já não usam as canetas do pai,

Porque ninguém mais escreve,

Nem se compra jornal quando sai,

Porque hoje a internet descreve.