Soneto do Engano (do autor?)

Eu sou um rasgo temporal no espaço-tempo

Sou o instante inoportuno que se demora

Eu sou a hora em que se eterniza o sofrimento

Lamento, mas tão cedo não vou embora

Eu sou a quebra de todo milenar templo

Sou o que rompe para trazer o agora

Sou o que chora em Tuam, pelo convento

Lamento, mas o pranto me revigora

Sou o que assiste, impávido, o avanço

Infame e vil do horror quase humano

Sou o que cataloga as dores, e não canso,

Das ímpias infâmias desde Trajano

Sou do tal de deus, o maior falhanço

E a prova de que ele próprio é um engano

Marcelo Simas Pereira
Enviado por Marcelo Simas Pereira em 21/10/2022
Código do texto: T7632910
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