Homem-rua O homem-rua Um homem-rua Ou qualquer coisa neste sentido Qualquer coisa ?
ia
Em direção ao desconhecido
Seguindo cachorros, borboletas brancas e pombas
Ele ia
Um verdadeiro desencontro ao objetivo
Fragmentações avulsas de um ser
Fragmentações estas que também não são conhecidas
As partes são repletas de vida e identidade
Várias cores
Várias línguas
Vários afetos
Variedades
Variações
Visões
O homem ia
Acompanhado por imagens que seus olhos captavam
Acompanhado por imagens que sua memória transbordava
o sol estava a todo vapor
literalmente
o sol acompanhava o homem em sua trajetória
ele subia
descia
inclinava seu corpo para todas as direções possíveis
suava
há quanto tempo estaria ele nesta trajetória infinita ?
se é infinita, faz sentido perguntar sobre o tempo ?
os miligramas de água salgada que desprendiam do seu corpo
saiam de todos os lugares
porém
sentia-os mais em suas axilas
a camiseta já estava lambuzada de suor e lembranças
os formatos lhe surpreendiam
a arquitetura da cidade lhe era tão interessante
a arquitetura da cidade era o seu barato
os desenhos
cores
vegetações
poéticas
informações
desejos
ambições
tristezas
o homem chora
rua
na rua
com a rua
uma criança que há muito fora esquecida lhe é acordada
ela invade seu ser por completo e aponta àquele mesmo lugar por onde o homem caminhava
na criança existe uma fascinação gigante
seus olhos brilham ao ver as flores, as formigas
o amigo sol...
ela sorri e ...
ele não sabe o que fazer
o seu infinito seria a criança ?
o estado ou lugar que ele sempre buscou para si . . .
é uma criança ?
ela mantém o sorriso
porém
o olha com afeto
com aquele abraço-casa
o homem chora
viver é
viver existe
o que existe ?
o que é ?
quem é ?
quem sou ?
por alguns segundos o homem para
olha ao redor e não vê a criança
seu coração começa a acelerar
sua respiração fica ofegante
ele sua
à procura da criança
ele dança estranhamente
seu corpo canta em tons des-a-finados
o desequilíbrio se faz presente e o leva ao chão
para não se machucar
ele apoia as duas mãos contra o chão
dói
a mão direita sangra
a esquerda pede por socorro
cadê ?
onde está ?
o infinito do tempo-espaço-vida é tão subjetivo que ele se vê caminhando
a mesma estrada
outra pessoa
outras percepções
viu que as borboletas brancas passeavam pelo mato
que as pombas se lambiam
que o cachorro o acariciava
percebeu que cada casa tinha uma cor muito diferente e particular
umas eram mais altas, outras menores
umas eram mais retangulares, enquanto outras mais circulares
percebeu que havia placas pelas ruas
foi então que entendeu que o seu eu mais infinito e incompleto possível só era possível porque ele escolheu . . .
infinito
aberto
fluido
subitamente
em uma esquina
quase desaparecendo
ele a viu
porém
ela estava um pouquinho maior
em tamanho e grandeza
sem explicação
ela passou e desapareceu
uma pedra no meio do caminho o fez tropeçar
caiu novamente e por mecânica natural levou as duas mãos como apoio contra o chão
a mão direita sangrava
a mão esquerda
a mão esquerda
A .. M..Ã...O... E....S..........QU............
Ele chora
E em seguida sorri