JOVEM AO LUAR

JOVEM AO LUAR

 

Vivo meus dias sem previsão,

Desde que estou ante a noite,

E o mundo que é só inquisição,

Nas mãos de quem é do açoite.

 

A noite já me pertenceu,

Quando era jovem e ao luar,

Mas lá na Corte de em ateu,

Os dias são só pra jejuar.

 

Roubam de nós dizendo não,

Porque o sim não serve mais,

Se é que houve a comunhão,

De sim e não, com Satanás.

 

Mesmo que eu saiba só ter Deus,

Com seu poder de onipotência,

Sou um ser humano entre os ateus,

Que querem Deus como assistência.

 

Esquecem que há livre arbítrio,

E só por isso há bem e mal,

Pois são contraste e equilíbrio,

Mas sempre há um preço final.

 

Nunca plantei limão pra pêra,

Nem fiz do encontro a solidão,

Mas sempre tem dia de feira,

Como um café me pede o pão.

 

Se eu tropeçei, foi sem querer,

Mas fui tão tolo por confiar,

E trabalhei, mas não quis ter,

Pois a riqueza é nosso azar.

 

Sorte é se ter boa amizade,

Como a rêmora e o tubarão,

E só por isso há a saudade,

De quem viveu como irmão.