LUZES DA ESCURIDÃO

LUZES DA ESCURIDÃO

 

As mentes se afligem no escuro,

Mas isso é por não compreender,

Que as luzes são frutos difusos,

Os quais unem as cores que quer.

 

De que adianta eu ter luzes,

Se tudo é escuro ou em vão,

Pois só nos sobram as cruzes,

Em vez de nos dar o coração.

 

Andando ao ermo e sem direção,

De que valerá ter projetos?

E para que servirá a previsão,

Se os horários são incorretos?

 

As luzes que vêm da escuridão,

Nem sempre refletem um motivo,

Pois no espaço é duro o perdão,

Ou a extremunção do que vivo.

 

Dizer até logo à noite eterna,

Depõe contra a luz que vagueia,

Ou ver nunca mais com lanterna,

Me diz não ser eu quem pranteia.

 

Viver sem ter luz é burrice,

Como atos de quem nem respira,

Se o fundo do mar não é Nice,

Mas quer o calor que transpira.

 

Não somos morcegos ou ratos,

Onde a terra tem suas cavernas,

Mas as águas não são só regatos,

Quando o pato procura por elas.

 

As águas não são como cometas,

Elas sofrem querendo grotões,

E desgastam corpos e gametas,

Carregados pelas inundações.

 

A luz que demonstra a escuridão,

Esconde as cores nas sombras,

Ou revive além dessa dimensão,

Quando um pesadelo me assombra.