VONTADE CEGA

VONTADE CEGA

 

Bola dividida pelo caminho,

Somente nos cobra não se ferir,

E mesmo que esteja sozinho,

Escolha sabendo o que há de vir.

 

Nós temos dois lados ao olhar,

Mesmo que o muro nos separe,

E saiba que tudo aqui é um lar,

Mas trate a ferida para que sare.

 

Todos os dias serão de conflitos,

Pois a vontade humana é cega,

Vive de hormônios aos gritos,

Se não ama ou se sonega.

 

Nega ser pai ou mesmo ser mãe,

E não compreende o quê de viver,

Come do aborto o filé e os pães,

E sangra no mundo sem entender.

 

Carne de vitelo é um simbolismo,

Do quão voraz é o mundo agora,

E em cada engodo do capitalismo,

Deixa no lixo o louco que implora.

 

Este final será breve ou no frio,

Se não olharmos a morte do sol,

Mas com a cadela fascista no cio,

O risco de vida é fogo em paiol.

 

Desse jeito é nosso formigueiro,

Só não precisam sentar e sentir,

Pois o ferrão não será o primeiro,

Mas só o fim do que pode advir.

 

Vamos, então, acabar a fronteira,

Nesse espaço e redoma de amar,

Vamos dormir numa só esteira,

Onde os laços trançem um lar.

 

Só desse jeito o mundo perdura,

Sem as professias da infância,

Pois Nostradamus foi armadura,

De um ódio urdido na lança.