Dos Tempos Idos

Houve um tempo em que o homem

Não se perguntava sobre a natureza dos raios

Não queria saber do Boson de Higs

Nem se perguntava sobre a origem de tudo

Houve um tempo em que o homem

Não queria contar estrelas, galáxias...

Só queria vê-las, e assim, lá chegava

Pelo fogo de sua imaginação

Houve um tempo em que o homem

Não desacreditava em Deus, pois Deus

Sequer ainda existia, e havia noite e havia dia

E a oração ainda não fora escrita

Houve um tempo em que o homem

Enquanto homem era ainda criança

E a mentira era uma cor que não havia

Na menina, ainda virgem, dos seus olhos

Houve um tempo em que o homem

Só conhecia o ritmo do seu coração

E sabia ver quando a vida lhe abria caminhos

E sabia ouvir quando o silêncio lhe fechava outros

Houve um tempo em que o homem

Só fazia sentir, sentindo muito e tanto

Que escavando, neste homem, em seu fundo

Um outro mundo de sonhos não haveria

Houve um tempo em que o homem

Mesmo em guerra era inda humano

E mesmo insano e em desespero

Mas ainda verdadeiro, nu de máscaras

Houve um tempo em que o homem

Se permitia a tão somente ser

E não fingia, dissimulava, ou se escondia

O tempo desse homem é a nostalgia

Do nosso tempo, que estamos sempre a perder

Marcelo Simas Pereira
Enviado por Marcelo Simas Pereira em 11/03/2022
Código do texto: T7470139
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