Unicamente viver

Eu trago o tempo

num trago incansável,

fugindo das perfeições

e corriqueiras lições...

Eu embarco nesse trem!

Agarro nas mãos o que parece indivisível,

pois o medo de envelhecer o espírito,

é que me atormenta.

Mergulho no agora!

Agarro esses ponteiros

que me moldam a face,

Afrontando-me com seu domínio sobre mim.

E nestes lençóis, das incontáveis horas,

sou brisa presa que morre ao descompasso...

Sufocada com o marasmo de beijar o vão, esperando o acaso.

Domo minha dor

com doses desmedidas de insensatez,

pra aliviar a rotina

dessa falta de nudez de alma,

que o mundo condena...

e pra causar algum efeito de liberdade.

nessa calmaria tão mórbida

e ao mesmo tempo tão sórdida.

A verdade,

é que não vejo o tempo como os outros vêem...

nele me atiro sem medo de colocar os pés no chão...

Sem receio de lama e devaneio,

me roubarem por um instante que seja.

Se não a loucura,

que a razão não me pondere demais...

que ela não me roube de mim!

Até que a finitude me pare

E a morte me beije,

e me ampare num canto triste.

Eu sigo de canto em canto,

de poesia em poesia,

Colecionando momentos

Validando meu propósito

Unicamente viver!

Brenda Botelho
Enviado por Brenda Botelho em 09/03/2022
Reeditado em 31/05/2022
Código do texto: T7468867
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