Unicamente viver
Eu trago o tempo
num trago incansável,
fugindo das perfeições
e corriqueiras lições...
Eu embarco nesse trem!
Agarro nas mãos o que parece indivisível,
pois o medo de envelhecer o espírito,
é que me atormenta.
Mergulho no agora!
Agarro esses ponteiros
que me moldam a face,
Afrontando-me com seu domínio sobre mim.
E nestes lençóis, das incontáveis horas,
sou brisa presa que morre ao descompasso...
Sufocada com o marasmo de beijar o vão, esperando o acaso.
Domo minha dor
com doses desmedidas de insensatez,
pra aliviar a rotina
dessa falta de nudez de alma,
que o mundo condena...
e pra causar algum efeito de liberdade.
nessa calmaria tão mórbida
e ao mesmo tempo tão sórdida.
A verdade,
é que não vejo o tempo como os outros vêem...
nele me atiro sem medo de colocar os pés no chão...
Sem receio de lama e devaneio,
me roubarem por um instante que seja.
Se não a loucura,
que a razão não me pondere demais...
que ela não me roube de mim!
Até que a finitude me pare
E a morte me beije,
e me ampare num canto triste.
Eu sigo de canto em canto,
de poesia em poesia,
Colecionando momentos
Validando meu propósito
Unicamente viver!