Natureza Morta

É tão tarde, que mesmo o céu

Já encerrou suas portas

E as palavras se calaram diante

Da eternidade do silêncio que cultivo

Em campos áridos, lugares ermos

É tão tarde, que mesmo as estrelas

Já apagaram as suas luzes

E o universo é um salão abandonado

Onde se acumula a poeira das eras

Nada pode ser mais desolador

Que a eternidade do pó

É tão tarde, que já nem há mais Tempo

Tudo está suspenso na ausência da memória

Porque também a História já não há

Pois não há homem, não há deus, nem há lugar

Para que tarde ainda seja

Nada deseja, nada comporta

O verso se acaba naturalmente

Pois é um poema que, somente

Pinta uma natureza morta

Marcelo Simas Pereira
Enviado por Marcelo Simas Pereira em 15/02/2022
Código do texto: T7452823
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