PENSAM SER DEUSES

PENSAM SER DEUSES

 

Pensei ser bicho no maremoto,

Mas também vi Angra explodir,

Vinha o Atlântico sobre a moto,

E descarregava até mesmo Jair.

 

Bois e vacas pensam ser deuses,

Mas nada são além de um tapir,

E vão consumindo como fregueses,

Que já não sabem se conduzir.

 

Tudo consomem como enlatados,

E não percebem se foi um retrato,

Pois o nazista não foi contestado,

Mas seus destinos eu vou deduzir.

 

Foram jogados naquela encosta,

Como um lixo a ser descartado,

E se drogaram na fome imposta,

Pois confiaram de haver elixir.

 

E na olimpíada de mercenários,

Sobra ao povo um prato vazio,

Junto à doença de um mandatário,

Que sabe usar somente o fuzil.

 

Esse é o dilema de uma pátria,

Que me pergunto se é o Brasil,

Porque parece viver como pária,

O 'boçal' patriota que lhe iludiu.

 

E até mesmo ofendem ao poeta,

De ver quem não lê por ser imbecil,

Fazendo da farda um tosco suéter,

Que não vai servir ao calor e ao frio.

 

Como a fome de hoje é a verdade,

E logo o açoite é no modo febril,

Pois não se come vento de tarde,

E nem se janta pedra de esmeril.

 

Fica a dica, encham a pança!

E só depois venda o que produziu,

Deixe a família gozar a festança,

Porque assim vamos ter o Brasil.