Semeadura
Jamais fui dona da rua
Ela é nossa, é minha e sua
Mas se minha é também
É de todos e de ninguém
Quando a rua fosse minha
Eu mandaria versejar
Um poema em cada esquina
Para os corações sossegar
Assim que o verão findasse
Super-heroína seria ao levar poesias na retina
E, de repente, se a rua se acalmasse
Furtivamente sairia
O outono chegaria e em cada canteiro
Um novo poema eu plantaria
Para que passado o tempo de tristeza
Colhêssemos poesia
No inverno corações congelados
Descongelariam, ao perceber em minha rua a magia da poesia
Na primavera canções de amor comporia
Flores, cores , sabores, amores,
A esperança de novos tempos pela rua nasceria
E quando o verão chegasse
De minha janela a rua observaria
O céu rosa azulado de nostalgia
Pintura que em poema se transformaria
Ao chegar novamente mais um outono
Em aviõezinhos, dobraduras, mais versos eternizaria
E pelas diversas quadras da rua os arremessaria
Nos dias de chuva barquinhos de papel
Por entre as canaletas deslizariam
E cada um deles um novo poema levaria
A humanidade da minha rua se imunizaria
Munida de versos e de estrofes se humanizaria