Semeadura

Jamais fui dona da rua

Ela é nossa, é minha e sua

Mas se minha é também

É de todos e de ninguém

Quando a rua fosse minha

Eu mandaria versejar

Um poema em cada esquina

Para os corações sossegar

Assim que o verão findasse

Super-heroína seria ao levar poesias na retina

E, de repente, se a rua se acalmasse

Furtivamente sairia

O outono chegaria e em cada canteiro

Um novo poema eu plantaria

Para que passado o tempo de tristeza

Colhêssemos poesia

No inverno corações congelados

Descongelariam, ao perceber em minha rua a magia da poesia

Na primavera canções de amor comporia

Flores, cores , sabores, amores,

A esperança de novos tempos pela rua nasceria

E quando o verão chegasse

De minha janela a rua observaria

O céu rosa azulado de nostalgia

Pintura que em poema se transformaria

Ao chegar novamente mais um outono

Em aviõezinhos, dobraduras, mais versos eternizaria

E pelas diversas quadras da rua os arremessaria

Nos dias de chuva barquinhos de papel

Por entre as canaletas deslizariam

E cada um deles um novo poema levaria

A humanidade da minha rua se imunizaria

Munida de versos e de estrofes se humanizaria

Méri Zilli
Enviado por Méri Zilli em 08/07/2021
Reeditado em 14/11/2022
Código do texto: T7295254
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