A Loucura e o Regresso

Posso colorir o céu de outra cor?

Acabou o azul,

mas nada esbranquiçou

Quero sempre estar em um lugar tranquilo

onde o som das folhas

possa ser ouvido

onde o frio e o calor disputem

a mesma vaga em plena estação

onde não se sabe ao certo

se chegou o Outono,

ou se é Verão

onde a chuva cai

e o tom do drama

seja sempre a solidão

onde o guarda-chuva espera ser aberto

no intuito de abrigar seu dono

e oferecer-lhe proteção

onde as folhas do caderno

não tem mais espaço nem sequer espaço

pra um mero ponto de interrogação

onde as nuvens se desfazem

pra que poucos vejam o sol

e a sua imensidão

onde as estrelas perdem o brilho

por que aprenderam a dissipar

o que eles chamam “escuridão”

onde as torres são tão altas

quanto um simples horizonte,

onde os pés que estão descalços

retrocedem pela ponte,

quando o pai com seus filhos se diverte,

e assim brinca de pique-esconde

onde a cama e o travesseiro nos submergem

ao pesadelo

quando o subconsciente se submete

ao tal do medo

quando as flores já morreram

e o mundo escurece

de tais imaginações todo mundo estremece

E se não é possível inventar

seu próprio mundo,

então não espere acordar de um sono profundo

pois nem todos aprenderam a colorir

mas coisa boa é aprender a sorrir

Se o azul não se faz presente,

ou se a criatividade se torna ausente,

mas quem não tem cão,

que aprenda a caçar com raposa,

pois os gatos já estão todos mortos,

e os assassinos estão á solta

Se a idade é pouca e não dá mais,

ou se a velhice não se satisfaz,

alguém chame uma ambulância,

pois acabaram de fuzilar a paz

grande sonho esse nosso

o dilema se desfaz

E se a velha ideologia

não remonta tal passado

o futuro extinguiu-se

está tudo acabado

Eufemismos só existem

para não cortar mais fundo,

todo corte é dolorido

são as marcas deste mundo

Desta vida não se espera

recompensa dos maiores

quem é feio ou bonito

quem é rico ou até pobre

Uma taça a preencher

um banquete a desfrutar

a modéstia faleceu

novo rei a governar

tal orgulho, inimigo,

fez de tudo pra ganhar

a humildade, pobrezinha,

perdeu seu precioso lugar

não há gente como d’antes

só pirralhos a berrar

mal denotam a diferença

entre o sono e o cochilar

Este mundo está moderno

bom sinal para os perversos

da maneira como escrevo

ando longe dos reversos

bem quisera descrever

a loucura e o regresso

como ainda sou um leigo

aqui paro neste verso!

Ubiratan Rodrigues
Enviado por Ubiratan Rodrigues em 18/06/2021
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