Reclusão




Voltei duma  abstenção,
num fechamento social,
duma entrada na realidade,
longe das badalações...

Entrei num espaço de mim mesma,
para me permitir sentir o outro,
que estava perto de mim,
então adormeci...

E nesse meu afastamento,
senti meu próprio eu
e minhas necessidades
mais superficiais,
que estavam esquecidas .

Gostei de estar assim mais presente,
longe do todo e das muitas mentes,
deixando-me levar por um sentimento
que poderia me fazer mais normal.

Mas não dominamos o querer do outro,
sequer o nosso somos capazes de domar;
então acordei dessa minha letargia,
e descobri que estava numa reclusão.

Reclusa para buscar entender
o meu mundo mais presente,
um pouco mais longe do todo,
um pouco mais perto de mim.

E percebi como preciso do todo,
como o todo é importante,
como é importante interagir,
aparecer, comparecer, sentir...

Não temos que ser totalmente de alguém,
nem mesmo de nós mesmos,
nessa jornada rumo ao tudo, ou ao nada,
que nos faz nascer, viver sentimentos, e morrer...

Somos do todo, de todos, da natureza,
que nos acolhe, nos abraça, nos empresta
por um tempo, corpo mortal, que reverbera
amores e desamores, e que se extingue e finda...

Não posso ser só de mim,
ser apenas um sentimento
de carinho, apego, amor...

Preciso viver o desapego,
que me faz amar o todo,
sem desgostar ou esquecer
que o melhor de mim,
sou eu...


Vida em Detalhes e conhecimento .: As lágrimas da Natureza . The tears of  Nature.