OCASO

O tempo é lépido amiúde,

implacável e austero!

Ingratidões em atitude,

são açoites muito severos!

A vida foi seguindo!

O tempo foi passando!

A velhice foi surgindo!

E o ocaso foi se avistando!

Com idade avançada,

com mais de oitenta anos,

suas rugas foram conquistadas,

por sacrifícios e desenganos.

Semblante vincado,

por rugas do tempo,

olhar macerado,

denunciando sofrimento.

Cabelos grisalhos,

retratando velhice,

prazeres renunciados,

seu viver sendo vice.

Noites inquietantes,

pelo amado rebento,

preocupações desgastantes,

desfalecimento incruento.

Sentiste a dor incomensurável no seu ser,

sofrimento visceral contíguo ao comprazer,

incertezas no futuro do rebento a chorar,

com amor sua renúncia acabou por chegar.

Esqueceste de si mesma pela relevância do criar,

noites mal dormidas acalentando a sua riqueza,

seus sonhos adiados em virtudes do educar,

agregando afeição no seu sentimento em beleza.

Verdadeiro amor,

vendo a semente brotar,

conhecendo grande dor,

iniciando o seu sacrificar.

Rebentar de incertezas,

auferindo carinhos,

sempre pronta em defesa,

de seu fruto divino.

Renuncia à liberdade,

dedicando-se noite e dia,

preterindo suas vontades,

entregando-se com alegria.

Prioriza a educação,

resplandecendo o futuro,

o seu rebento é a significação,

na esperança do orgulho.

Irradia sua luminosidade,

participando com ternura,

sublime santa em simplicidade,

heroica mãe pela bravura.

Coração materno,

vivenciando lágrimas e sorrisos,

crucificando-se de modo eterno,

morrendo feliz por seus filhos.

Relevância na existência,

numa vida de trabalho,

seu valor em negligência,

no aposentar sem numerário.

Corajosa ao abandono,

dignificando a sua idade,

és soberana sem um trono,

conhecendo a invisibilidade!

Cabelos brancos a nos ensinar,

clamando a nossa atenção,

é a velhice querendo o amar,

sem o desprezo como rendição.

Santos pais esquecidos,

descobrindo a ingratidão,

seu afligir não é merecido,

pela vida em doação.

Heróis sobreviventes,

necessitando de cuidados,

a saúde tão plangente,

conhecendo hospitais lotados.

Vidas amadurecidas,

por alegrias e tristezas,

decepções foram conhecidas,

e suplantadas com firmeza.

Rugas em proeminência,

evidenciadas pelas circunstâncias,

respeitá-las é incidência,

do reconhecimento de sua importância.

Terceira idade inocente,

voltando a ser criança,

pureza que de repente,

deixarão lágrimas e lembranças.

O tempo passou,

as rosas murcharam,

a velhice chegou,

todos os sonhos prostraram!

Pele vincada,

alvos cabelos,

costas arqueadas,

passos em apelo!

Trêmulas mãos,

olhar tão distante,

mente em confusão,

lucidez claudicante!

Velhice criança,

rogando atenção,

é o Alzheimer que avança,

clamando compreensão!

Doença que impõe,

a clínica em solução,

o sol agora se põe,

na velhice em rendição!

Vida de aflição e agonia,

no findar das ilusões,

a morte já está em vigia,

e sepultará alegrias e desilusões!

Oh! Ações fratricidas;

pulverizando a irmandade!

A inveja é homicida!

A herança é a perversidade!

Oh! Hombridade quebrantada;

na retidão em fugacidade!

A ingratidão é exaltada;

anunciando que o dinheiro é a felicidade!

Onde foi que erramos?

Por o mundo estar insano!

Pela ganância em epidemia,

que recresce a cada dia!

Quantos asilos lotados!

Quantas mágoas acolhidas!

Quantos pais abandonados!

Quanta frieza infligida!

Gélidos asilos,

presenteados pela solidão,

descaso de pífios filhos,

pondo a velhice em expiação.

Como é triste o envelhecer,

e conviver com a desatenção,

vendo os filhos a embrutecer,

pela impiedade no coração.

Rebentar de insensibilidades,

de rebentos desajuizados,

hoje se esquecem da afetividade,

e do amor para eles ofertados.

Mortificado mundo carcomido,

por filhos que só pensam na herança,

colocando os pais em desabrigo,

pela incompreensão e ganância.

Oh! Velhice em desamparo;

agonizando pelo desprezo!

Seus herdeiros ordinários;

estão pensando só no dinheiro!

Natureza humana, com travos e rancores,

sordidez aplicada por insensíveis predadores!

Insana consciência castigando por prazer,

pondo fel e azedume, ancorando o entristecer!

Tétrico envelhecer no ocaso morredouro,

descartados pais demovendo esperanças,

filhas e genros na intolerância em desdouro,

já criando o epitáfio pelo quinhão da herança.

Contristado avelhentar em desalento,

pelo exílio que agora conhecem,

sua descendência impondo tormentos,

na ingratidão aos pais que perecem.

Cabelos brancos voltando a ser criança,

cândidas almas sentindo o viço desvanecido;

alegrias vão estar em lembrança,

e também dores deixando-os desiludidos.

Coração chora pelo reconhecimento esquecido,

mágoa incrustada no sentir entristecido,

abnegação sem reconhecimento da gratidão,

arrancando lágrimas pela triste solidão.

A velhice de seus pais roga empatia e respeitar,

abdicaram de sonhos, deram a vida no seu formar,

você agora independente, com dinheiro e fama,

não é bom filho; com sua ingratidão imersa em lama.

Auxílio de um terno filho em vida deve acontecer;

amor aos pais após a morte não adiantará o arrepender,

peça ao Divino para que seus filhos não siga a ingratidão,

é o efeito de uma causa que converteste em educação,

pura colheita do que plantaste; dividendos da desatenção.

Por que amar os bons pais na velhice?

Para que a morte seja postergada,

para que sintas o orgulho pulsante,

para que aprendas que a vida é obra abençoada,

para que nosso viver seja uma missão dignificante.

pois, a vida é um fantástico maravilhar,

até chegar a hora do tempo findar.

Ah! O amor!

O sempre verdadeiro e sincero amor!

Hoje em dia!

Ignorado! Esquecido! Desprezado!

Por filhos que elegem o desolador!

Pelo descaso aos pais desamparados!

Alberto dos Anjos Costa
Enviado por Alberto dos Anjos Costa em 15/03/2021
Código do texto: T7207877
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