OLHOS TRISTES

Oh!... olhos tristes!...

Olhos velhos, antigos

Como os tempos...

De luz opaca, sem brilho

De passadas nuvens.

De retratos amarelecidos nas paredes

Dos casarões da alma, do coração.

Olhos tristes de mundo,

Das coisas, das gentes...

Carcomidos pelas incertezas

Das certezas vans.

Das montanhas ao longe...

Nubladas , cinzentas.

Olhos de estradas percorridas

Com altivez agora esquecidas.

Traz na sua tez profundos

Desfiladeiros sinuosos,

Secos e sem vida.

Tens nas mãos os calos das eras, e

Como uma antiga nau

Coçado pelos muitos mares,

Agora pousa esquecido

Empalado pelo destino.

Tens a quilha alquebrada, insegura, e

No peito um coração domado e verdadeiro.

Oh!... olhos tristes...

Recompensa-te com uma lágrima derradeira

Que escorra solitária, salgada,

Curtida como couros velhos

E deixe-a levar os últimos pensamentos.

Desfaleça no merecido

Ocaso, descalço e nu

Como viestes ao mundo.

Se incorpore ao sol, às estrelas, ao pó,

Ao tudo... a eternidade!

A compensar-te;

Finalmente!

Haromax

Haromax
Enviado por Haromax em 14/03/2021
Reeditado em 01/03/2024
Código do texto: T7206758
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