Ouro dia
Não sei
O que pensar.
Às vezes me esforço
Para abrir os olhos
Fico em silêncio
Para ouvir
As batidas do coração
Olho a minha volta
Meio nostálgica
Meio alheia
Meio mórbida
Reparo na futilidade
Dos risos insanos
Desesperados, caindo
Do canto da boca
Ainda assim louca
Ainda assim viva
No fundo
Só a mim oculto
Todo horror sussurrado
Todo o medo
Agigantado a percepção
Ouço vozes
Vejo vultos
O vento bate
A vida toca
A música do desespero
O sono chega
E meu corpo
Cai sobre o leito
Mas a minha alma
Sai de mim
E vai para longe
E só volta
No amanhã.