OS DIAS SEM TRIGO

OS DIAS SEM TRIGO

Como serão os dias,
No futuro bem próximo?
Pois o frio só adia,
Aqui perto do trópico.

Antes sempre chovia,
E hoje nada é lógico,
Com a fumaça dos dias,
Que esconde o relógio.

Não sei se amanhece,
Pois nem vejo o Sol,
Ou até se anoitece,
Se o luar é um farol.

Mas a luz está nos carros,
E não mais no meu céu,
Ou queima nos cigarros,
Que se vende em cartel.

E a saúde dos fracos,
Some sem ter consolos,
Se a leira é o sovaco,
Que alimenta os tolos.

Na ganância que trata,
Gente como algoritmo,
Mesmo quando retrata,
Um fugaz autruísmo.

Sem propor tolerância,
Mas dando tudo ao rico,
Saqueando a importância,
De quem colhe seu trigo.

É assim que meu irmão,
Morre sem ter velório,
Pois nem sabe o patrão,
Que estou no sanatório.

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