A FEBRE NÃO CURA

A FEBRE NÃO CURA

Porque sou inquieto,
Perante a noite escura?
Porque sou indiscreto,
Diante à triste tortura?

Porque o mundo é incerto,
E os rios são cheios de curva?
Porque há um imundo deserto,
Na sombra que tanto perdura?

Então fico pensando na sina,
Enquanto a história simula,
Tudo o que se procrastina,
Quando a febre não cura.

Se seguirmos a vez da ciência,
Respeitaremos o estudo,
Pois só tenho a impaciência,
Ao ver só defeito em tudo.

Até quando terei Incitatus,
Governando o celeiro do mundo,
Só comendo capim com os ratos,
E causando um mal tão profundo.

Se o desejo de todo oprimido,
É viver com liberdade e fartura,
Por temer bulas de comprimido,
Que ofertam com a cara dura.

Foi olhando cavalo tão fácil,
Que lembrei até de Figueiredo,
Pois seu haras é um palácio,
No governo que causa o medo.