Poética das estrelas

Poética das estrelas

‘’Existe uma teoria

Que diz que todas as vezes

Das quais flertamos com o suicídio

Nossas almas fogem do nosso corpo

Por uma fração de alguns segundos

Elas viajam por todo o universo

Dançam ao lado das estrelas

Visitam incontáveis planetas habitados

Por espécies, que nossas mentes humanas

Jamais seriam capazes de concebe-las

E então, elas voltam como um puxão de orelha

Ou um soco no estomago

Neste impacto da alma voltando ao corpo

Em que nossas angustias transformam-se em lágrimas

Nossas almas, aprisionadas neste recipiente

De dor, angustias e desespero

Pergunta-se da maneira mais sincera possível

- Se morrermos agora, estaremos livres

Para voar?

Infelizmente

Não somos capazes de ouvir

Os lamurios das nossas almas

E muitas das vezes

Nos matamos

Sem antes liberta-las...’’

Certa vez

Ainda na Grécia antiga

Muito antes dos sofistas flertarem com o universo

Existia um Poeta

De nome irreconhecível

Suas Poesias

Representavam todas as suas angustias

Suas dores, e seus arrependimentos

Constantemente ele se isolava em uma

Triste solidão

Que embora não ferisse aos outros

Feria a si mesmo.

Sua alma trancada em seu corpo

Rasgava a superfície

Transformando-se em cicatrizes pelos seus pulsos

Notava-se a dor em cada um dos seus versos

E o desespero intrínseco na forma em que via a vida

Nenhum homem ou mulher neste mundo

Consegue suportar por longos períodos

O desejo da morte gritando em seus ouvidos

Em uma noite estrelada

Sozinho no alto de um monte

Embaixo de uma árvore

Se enforcou na luz do luar

Sua alma por outro lado

Libertou-se do seu corpo

E nos anéis de saturno

Encontrou a sua morada

Poesias foram espalhadas por todo o universo

Enquanto o seu corpo apodrecia

Embaixo de uma árvore qualquer...

Esta lenda me assombra

desde a epiderme da minha infância

Todas as noites

Eu olho as estrelas

E ainda que

No ápice do meu ceticismo

Eu não acredite em Almas ou Deuses

Desejo que no momento em que

Os meus olhos se fecharem pela última vez

A minha alma vague por todo o cosmos

Enquanto o meu corpo

Transforma-se em cinzas

Fundindo-se com o nada...

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 28/04/2020
Código do texto: T6931515
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