PSICOPATIA E PODER

PSICOPATIA E PODER

Parece mentira o que ora vejo,
Rio Branco revirando num jazigo frio,
Nem mesmo parece estarmos em abril,
Em que Tiradentes morreu sem um beijo.

Pois Judas então era só um Silvério,
Naquele império de quintos do ouro,
Mas hoje a loucura não vem do minério,
Mas de diplomata e capitão: tudo louco!

E eu que pensava em meros transtornos,
Fiquei assombrado ao ter essa visão,
De um louco Araújo, ou seria Carlos,
Podendo já ir todos pra internação.

Se um carro eu lavo sem ir pra jornada,
Se acho que o capital é tão bom assim,
Se guardo meu ganho usando granada,
Se sonho com o sabre daquele sultão.

Só vejo cabeças já sendo cortadas,
Somente por quê não lhes dão razão,
Estou vendo Calígula e Nero na praça,
Destilando o ódio ao cruzar o rubicão.

Então o sociopata se torna normal,
Ou um psicopata segura o timão,
Com o barco à deriva em um temporal,
Sem ter qualquer poder perante Tritão.