Palavras Líquidas
O Poeta carrega
Palavras líquidas
Na peneira.
Faz flor com
A vírgula
E respira ar puro
Em cada
Ponto final.
Conversa com
As estrelas
Namorando
Cada fase da lua.
Não faz Poesia
Com o corpo
Tem súbita
E inexplicável
Vontade
De escrever.
É concreto e puro
Abstrato.
Não se trata
Do poema
Mas ele
É o seu refúgio
E contempla cada
Palavra escrita.
Parte nobre da sua
Arquitetura.
Elegantemente
Dorme no tablado
De tantas letras
Fazendo
Travesseiro com
Sua insanidade.
Nada encontra
Além de gritar
Sua alma
Com o que escreve.
O Poeta apaga
A luz e unem
As pálpebras
Veladas de Poesias
Prontas.
Clandestinas
E doces palavras
Carregadas
Em peneiras finas.
Cada pingo
Encandeia
O propósito
Na obscuridade
De um mundo
Que ele tateia.
Daniel Gomez.