"QUINHENTOS PALCOS PARA ENCENARMOS A VIDA"
"QUINHENTOS PALCOS PARA ENCENARMOS A VIDA"
No ano 2 mil, do calendário cristão,
Fui a um Porto Seguro,
Me fingir de maduro,
E vim de lá sem um irmão.
Era pra ser um regalo,
Pois a festa seria mais nossa,
Se a verdade fosse a resposta,
Pros libertos não morrerem na cruz.
Pois celebramos a escravatura oculta,
De patrícios ladrões sobre a plebe,
Em que nunca vivemos sem luta e febre,
Aceitando as poucas migalhas de pão.
Pois a carne está tão putrefa,
Com Tiradentes esquartejado na festa,
Seus pedaços estão na estrada real,
Sem o ouro, por nada, o quinto dobrou.
Hoje sofre o povo numa jaula,
Com imposto vil tirado na marra,
Nem marujo aguenta a dura ressaca,
Sem futuro, só mesmo a trabalhar.
Sem a liberdade de professar sua fé,
Nem quem deixou a senzala acredita,
Pois se quer comer, será sob a mesa,
Lambendo restos que a chibata lhes dita.
Calaram o negro e o índio pra sempre,
Nos pelourinhos e forcas que matam,
Sem livro e pão pra nutrir suas almas,
Os couros não tocam, pois chora o crente.
E o futuro é funesto, num ardil,
Por não ter paz e amor na jornada,
Vejo apenas um fosso me apontando o fuzil,
Onde fui abatido sem dó, no meu amado Brasil.
E os palcos nem uma cortina tem,
Mas são quinhentas cenas sem beijo,
Nem pão e queijo, mais nada na mesa,
Só a certeza que a vida ainda tenho.
E o veneno que me injetam,
Nem sei mais como irei curar.
Queria ser um raio no céu,
Rasgando a noite sem chorar.
Publicada no Facebook em 10/08/2019
"QUINHENTOS PALCOS PARA ENCENARMOS A VIDA"
No ano 2 mil, do calendário cristão,
Fui a um Porto Seguro,
Me fingir de maduro,
E vim de lá sem um irmão.
Era pra ser um regalo,
Pois a festa seria mais nossa,
Se a verdade fosse a resposta,
Pros libertos não morrerem na cruz.
Pois celebramos a escravatura oculta,
De patrícios ladrões sobre a plebe,
Em que nunca vivemos sem luta e febre,
Aceitando as poucas migalhas de pão.
Pois a carne está tão putrefa,
Com Tiradentes esquartejado na festa,
Seus pedaços estão na estrada real,
Sem o ouro, por nada, o quinto dobrou.
Hoje sofre o povo numa jaula,
Com imposto vil tirado na marra,
Nem marujo aguenta a dura ressaca,
Sem futuro, só mesmo a trabalhar.
Sem a liberdade de professar sua fé,
Nem quem deixou a senzala acredita,
Pois se quer comer, será sob a mesa,
Lambendo restos que a chibata lhes dita.
Calaram o negro e o índio pra sempre,
Nos pelourinhos e forcas que matam,
Sem livro e pão pra nutrir suas almas,
Os couros não tocam, pois chora o crente.
E o futuro é funesto, num ardil,
Por não ter paz e amor na jornada,
Vejo apenas um fosso me apontando o fuzil,
Onde fui abatido sem dó, no meu amado Brasil.
E os palcos nem uma cortina tem,
Mas são quinhentas cenas sem beijo,
Nem pão e queijo, mais nada na mesa,
Só a certeza que a vida ainda tenho.
E o veneno que me injetam,
Nem sei mais como irei curar.
Queria ser um raio no céu,
Rasgando a noite sem chorar.
Publicada no Facebook em 10/08/2019