Virgindade

Arrancou aquilo que havia de mais misterioso em mim,

penetrou minha alma do jeito mais doloroso que existe,

não me tirou um único pedaço de carne latente,

pior: roubou meu coração por completo.

Amar é querer sentir o coração não mais virgem.

Sentir? Pouco provável, depois do que fizeram comigo,

e tê-lo pesado, pelas lembranças recentes e leve, por contar a história de uma cicatriz.

De menina intocada, saltei para a moça mais tocada,

e agora estou aqui, onde sempre estive mas nunca fui, com os sonhos que desnudou sem o meu consentimento,

e com as fendas que esburacou no eu mais íntimo que me constitui.

Hoje estou convicta de que dói muito perder a virgindade,

a mais banal te faz sangrar por uns minutos,

já a outra te faz chorar por toda uma vida.

Só quero voltar a ser minha, erma, virgem de amor e todo o resto que eu era antes…

Pelo menos, restou o prazer que tive, por ter um dia, te amado perdidamente.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 28/02/2020
Reeditado em 30/10/2021
Código do texto: T6876446
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