O preço para flutuar.
Você se desespera pela possibilidade
De seu mundo cair, mas engana-se.
É apenas seu mundo que desaba.
Você tem medo de estar só,
Mas percebe que na realidade
Você que é sozinho e que se desgarra.
Não é o peso do mundo sobre você;
Não é o esquecimento de todos.
Está apenas experimentando o mundo
E percebendo que flutua como tudo...
Busca a conexão para escapar do fluxo.
Ou estar junto na viagem de viver.
Não há identidade e todas as boias
Já foram infladas. Ocupadas ou vazias,
Não parecem lhe caber ou suportar.
É preciso pular?
É seguro nadar?
Onda tão fria...
O incrível é resistir, insistir, existir e ir...
Não há espaço para ser sozinho
A não ser na loucura.
No fluxo, na onda;
Em tudo que nos sonda
Para outros ignorar.
E o que você é
Se não for aprovado;
Se não, projeto fracassado;
Desejo inviabilizado;
Barco avariado,
Posto fora do fluxo?
Você tem direito ao que é,
Mas quem lhe diz o que deve ser?
Precisa que flutue;
Quer que navegue;
Que não vingue.
Esse espaço vai lhe ceder?
Não há conexão no fluxo para você.
Todos são exclusivos;
Todos aparelhados;
Mesmo os que buscam
Já sabem que você
É barco avariado.
Quais valores segura?
Quais odores exala?
Quais sabores oferta?
Quais amores desperta?
Quanto pavor sustenta?
Eis o preço para flutuar!