[Vento]

Em certa tarde bucólica

O vento sussurrava algo,

Mas não consegui entender.

Ele arranhava a janela,

Uma, duas, três vezes...

Mesmo com toda sua força,

Eu, em meio a monotonia

Ainda custava a crer.

Então me aproximei da fina e fria camada

De vidro que me separava da realidade.

Tão próximo do mundo

Que meu ouvido, pode sentir seu assoviar.

E o vento, falava.

E não era pura e simples loucura...

Era lembrança tua.

Era, lembrança tua...

Que ele carregava

Entre os traços cinzas da cidade.

E no meio das horas

Observando os prédios,

Escuridão, solidão,

Algumas luzes acessas,

Me perguntava se o vento

Generoso comigo,

Também batia em outras janelas...

Pulsava em mim a duvida

Se outras pessoas também tinham lembrança tua.

Mas não poderia ser,

Não poderia existir desejo igual ao meu.

Mesmo se quisessem

Nenhum corpo pálido veria a luz,

Que tua imagem trazia no cinza do multidão.

Teus defeitos eram minha sina,

Domavam minha imaginação.

Mesmo a distância

O pulsar do vento,

Era lembrança tua...

Em batidas incompletas de um

Coração.

Pablo Danielli