Lobo em Pele de Poeta

Peles de poetas não me servem

frágeis como a aurora, elas são.

Quero a couraça do guerreiro

ando vexado, procurando emprego.

Quem sabe, a burra cheia e o bucho,

possa rabiscar uns versos

poluídos de chãos de fábricas e fuligens

destes tempos industriais,

talvez destas linhas tímidas

desatem uma segunda revolução

de proletários inspirados e de macacões.

Peles de cordeiro? Também não

agrada-me mais a mandíbula de asno

não obstante a calvície

que inviabiliza o Sansão em mim

e estes músculos flácidos de pouca fé.

Ando temeroso de guerras contra filisteus

procurando a paz, mesmo que inglória.

Antes o covarde vivo, que valente e não.

quiçá esta retirada individual

permita a paz da coletividade.

Mas a pele de lobo, esta sim, me serve

disfarça o lobisomem em mim.

Até que a lua cheia o denuncie...

o que há com o homem moderno que sua própria pele não basta?

https://polenepedras.blogspot.com/2019/10/poemas-publicados-0382019.html