De Quando Morri
Da primeira vez em que morri, vi meu povo chorar mentiras,
mas adivinhava-lhes as verdades dos pensamentos todos:
−Já vai tarde, filho de uma...
As mãos em rigidez insistiam gestos obscenos
que ao povo meu constrangia e, se persignavam,
as beatas mais lascivas e putas. Quando morri da primeira vez.
Sobre meu peito oco um cravo meio murcho
em cuja corola copularam besouros por mil vezes
gerando outras mil larvas.
Enterraram-me às pressas sob pilhas de papéis
e rostos de alívio de fim de expediente.
Mas, daí, a morte já não me cabia mais!
Desalojou-me.
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