VERSOS HUMILDES

Desprezo as palavras vazias

Aquelas que se afiam

Com as lâminas das veleidades

Nada do que me digam

Me faz ver alguma magia

Num caldeirão cheio de vaidades

O que elas pretendem afinal?

Se gastam em seus desperdícios

Se lançam em inúteis precipícios

Se perdem na retórica banal

Onde é que pretendem chegar?

Seu verbo não consegue debelar

A tímida fagulha dum incêndio

Eu quero um melhor bombeiro

Aquele que trabalha no silêncio

Da alma e do coração por inteiro

Na mangueira dos meus versos

Jorra o líquido da sabedoria

Nas águas de um dúbio lirismo

Isento de falsa supremacia

Pois é se banhando de humildade

Que a poesia com o seu dualismo

Do abstrato e do concreto

Do errado e do quase certo

Nos deixa mais perto da verdade.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 17/09/2019
Código do texto: T6746822
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