VERSOS HUMILDES
Desprezo as palavras vazias
Aquelas que se afiam
Com as lâminas das veleidades
Nada do que me digam
Me faz ver alguma magia
Num caldeirão cheio de vaidades
O que elas pretendem afinal?
Se gastam em seus desperdícios
Se lançam em inúteis precipícios
Se perdem na retórica banal
Onde é que pretendem chegar?
Seu verbo não consegue debelar
A tímida fagulha dum incêndio
Eu quero um melhor bombeiro
Aquele que trabalha no silêncio
Da alma e do coração por inteiro
Na mangueira dos meus versos
Jorra o líquido da sabedoria
Nas águas de um dúbio lirismo
Isento de falsa supremacia
Pois é se banhando de humildade
Que a poesia com o seu dualismo
Do abstrato e do concreto
Do errado e do quase certo
Nos deixa mais perto da verdade.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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