Maturidade

Chegou de tudo, acabou a cantata, o natal já passou

O ano, velho, já prestes a findar,

A vida mudou, tudo cresceu, ou sumiu,

Agora, só calmaria.

A tristeza findou, o chorou cessou, não porque faltassem motivos,

mas porque agora que a vida andou, que a mente cresceu,

Saiu do verdinho pro amarelinho,

Esse choro e tristeza não fazem mais sentido,

Assim como não tem mais razão de existir aquela conversa fiada,

Cheia de debates e argumentos com quem não gostaria realmente de dizer uma só palavra,

Acabou o tempo, a razão, de perder tempo e latim quando se é indesejável,

Descobriu-se até que não há culpa em não o considerar desejável,

É questão de gosto, de escolha.

Agora aprendeu-se que na maioria das ocasiões o papel, ou a tela da máquina

Não gostam nem desgostam de ninguém e não causam dor,

Aprendeu-se também que talento usado apenas para debates enfadonhos e indesejados

São um completo desperdício de competências e energia

E seriam mais bem utilizados com crianças carentes de uma comunidade qualquer,

E talentos somente devem de fato serem dignos de apreciação quando empregados para o bem do outro,

E nunca barra batalhas de ego, de palavras, de farpas ou de qualquer outro gênero.

Aprendeu-se que melhor que tentar exibir a retórica argumentativa de qualquer coisa,

É apresentar a quem não conhece um caminho de palavras e conhecimentos que lhe seguirão para a vida.

No fim, descobrimos, todos nós, mais cedo ou mais tarde, mesmo que no último suspiro da vida,

Que a grande maioria de nossos desgostos e desassossegos são causa de nosso enorme ego,

Se tentássemos olhar mais para o outro não sofreríamos tanto olhando para nós

E teríamos relações mais duráveis.

Marta Almeida: 23/08/2019