ESTAMOS SÓS
I
Eu olho para você e não percebo o existir;
E a sombra que te guia, escurece...
Dia e noite, noite e dia...
É como se fosse dois caminhos desencontrados;
Corpo! Espírito!
Numa mesma agonia do não existir;
Um clamor delirante para existir;
E o contrário desses pensamentos;
São como uma massa condensada;
Dissolvendo-se no ar;
Envolvendo-se com o vento, pueril!
É contrafeito. Nem a luz te guia...
II
Meus dias estão cegos;
Tu andas perdido nos labirintos;
Buscas a aparência do que não és;
Neste casa, meu pensamente enxerga...
Uma figura presente na ausência;
Eu não permito ver-te, sentir-te...
Apenas imagino numa imagem retorcida;
Que me deixa cruciante, céus!
É um jogo de imagens, contidas e recontadas;
Porém, eu me ponho a acreditar;
Que a ilusão diante da delusão;
Não existe fardos para sofreguidão;
E concomitantemente me repito;
Pela sombra que não existe;
Pelo corpo desouvido no sal.