Jaz
Entre as cinzas jaz a estrutura imperfeita
O rompimento da sua suposta indagação
As brisas sangrentas na janela intacta
O suor límpido de um corpo indiferente.
Sob os telhados as palavras inocentes
A escadaria em seus degraus assimétricos
O orvalho escuro naquela tarde silenciosa
As paredes chapiscadas na lateral da casa.
Gélido, quase morto, o sonho intangível
As discordâncias costumeiras da estação
O ser e não ser de uma pobre criatura
O passado e o presente tão similares.
A viagem sem volta a um local impróprio
Abraços evasivos no virar de uma esquina
Ter tudo às mãos e o vazio logo adiante
Ruptura amarga que dilacera o coração.
Não temer a morte e sim a tediosa vida
Brigar por ideais que são somente migalhas
As lágrimas secas por olhos encharcados
Um sorriso amarelo num mundo sem cor.