FIO DA NAVALHA
FIO DA NAVALHA
(Entre a razão e a emoção)
Coloco-me entre
O desejo de lhe querer
E a conveniência de lhe ter
Acordo à noite sem notar
Num gesto sonâmbulo
E vivo a vida a me equilibrar
Num ato de funâmbulo
O que me resta fazer?
Resolver este dilema
Equacionar o teorema
Que corrói todo o meu coração
Aquilo que julgava saber
Do alto da minha falsa percepção
Viver dentro de mim
Como um burlantim?
Numa corda bamba,
Numa roda de samba
Com passos tão erradios
Tropeçando nos vazios?
Só me resta tão somente
Escolher neste jogo impaciente
Qual decisão vou tomar
Que papel vou representar
Vou jogar com que peça?
Vou encenar qual peça?
Ou algo mais que me despeça,
Que venha logo, bem depressa
Quero que você diga, que peça!
Preciso logo que me apresse
Necessito de uma boa prece
Eu vejo se aproximar o chão
E nesta vida, que se faz dicotomia
Entre a razão e a emoção
Eu escolho mesmo a minha poesia
Porque nesta batalha
Vivo no fio da navalha
Entre esses infindáveis universos
Munido apenas dos meus versos.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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