FIO DA NAVALHA

FIO DA NAVALHA

(Entre a razão e a emoção)

Coloco-me entre

O desejo de lhe querer

E a conveniência de lhe ter

Acordo à noite sem notar

Num gesto sonâmbulo

E vivo a vida a me equilibrar

Num ato de funâmbulo

O que me resta fazer?

Resolver este dilema

Equacionar o teorema

Que corrói todo o meu coração

Aquilo que julgava saber

Do alto da minha falsa percepção

Viver dentro de mim

Como um burlantim?

Numa corda bamba,

Numa roda de samba

Com passos tão erradios

Tropeçando nos vazios?

Só me resta tão somente

Escolher neste jogo impaciente

Qual decisão vou tomar

Que papel vou representar

Vou jogar com que peça?

Vou encenar qual peça?

Ou algo mais que me despeça,

Que venha logo, bem depressa

Quero que você diga, que peça!

Preciso logo que me apresse

Necessito de uma boa prece

Eu vejo se aproximar o chão

E nesta vida, que se faz dicotomia

Entre a razão e a emoção

Eu escolho mesmo a minha poesia

Porque nesta batalha

Vivo no fio da navalha

Entre esses infindáveis universos

Munido apenas dos meus versos.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 26/06/2019
Código do texto: T6682468
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