Charro
É justo?!
O custo do homem?
A fome que só mata?
A mata em fogo?
O jogo do corrupto?
O abrupto surto de temor?
O amor se partindo?
Alguém rindo do feio?
O meio que é escuso?
O abuso sempre diário?
O calendário errado?
O pecado do crime?
A firme falsa ilusão?
A prisão que não resolve?
O revolver que assusta
a custa do bem inocente?
O ente que é esquecido?
O bandido que foi eleito?
O perfeito político ladrão?
O coração que é doente?
A aderente onda de solidão?
A reação que o faz idiota?
A porta que sempre se fecha?
A flecha que assassina certeira?
A maneira infame da fama?
A lama vencendo o lodo?
O todo perdendo pro nada?
A estrada sem fim?
O ruim que nunca acaba?
A tábua sem salvação?
A ração para o mundo?
O imundo sem água?
A mágoa com raiz?
O feliz pelo cruel?
O céu em nenhum azul?
O sul sem seu norte?
A morte ganhando vida?
A ferida sem cura?
A aventura do vazio?
O frio causando choro?
O couro do banco?
O franco sem voz?
O algoz sempre liberto?
O certo agora errado?
O lado sem amigo?
O visgo na alma?
A palma sem mão?
O não ferindo sim?
O fim sem reinício?
O vício não curado?
O fardo ficando mudo?
O conteúdo inerte?
O flerte com o mal?
O sal nada puro?
O futuro impreciso?
O sorriso engessado?
O passado mal dito?
O escrito queimado?
O amado traído?
O subtraído da história?
A glória pela guerra?
A terra tomada?
A queimada do solo?
O protocolo esquecido?
O vencido ser morto?
O aborto em pauta?
A falta de carinho?
O ninho sem árvore?
O mármore do peito?
O efeito dominó?
O nó que não liberta?
A meta do ódio?
O episódio da chacina?
A menina sumida?
A lida sem paga?
A vaga ideia da certeza?
A natureza não respeitada?
O nada como objetivo?
O vivo mais que morto?
O torto que não se endireita?
A ceita que fere o divino?
O menino sem escola?
A bola como educação?
A canção que canta a bunda?
A profunda falta de imaginação?
O irmão que mata o irmão?
O vão ocupando o espaço?
O abraço sendo desconstruído?
O antigo deixando de ser exemplo?
O templo derrubado?
O estado da intolerância?
A ganância mais que a vida?
A margarida pálida?
A invalida sensatez?
O talvez negativo?
O nativo dominado?
O brado a que custo?
O busto do ditador?
A dor como garantia?
A alegria escondida?
A caída da barreira?
A inteira desculpa
da culpa já vista?
A ametista no lugar do coração?
A intenção do dinheiro?
O cheiro da cocaína?
A lima no pensamento?
O tempo morrendo na esquina?
A cisma mortal adquirida?
A vida no escuro?
O muro para o cio?
O rio todo poluído?
O vendido sendo pago?
O trago no cigarro?
O carro e a gasolina?
A usina de barro?
O bizarro tão comum?
O zoom da cegueira?
A beira da razão?
O são tão insano?
O plano sem emoção
sem noção do engano?
O ano após ano
no dano da condição?
A perdição do rumo?
O consumo desenfreado?
O abalado sem assistência?
A ciência do não nem aí?
O construir a qualquer custo?
É justo?!
16-03-2019
21h06min