Internômetro

Do abismo que me olha

sou vitrificado

Um homem preso a um loop temporal

Seguidor das espécies que deixaram pegadas

mas só o que se sabe delas

é que eram invisíveis

Assim sou...

me esbarro com tanta gente pelas avenidas

e ninguém nota

Na beira mar nem o vento

assanha meus cabelos

O meu tropeço diário é sempre o mesmo buraco

é lá que vejo o tal abismo

É ele que me sussurra a alma

Meu olhar é vitrificado

e o abismo é meu status quo

O loop temporal é prisão contínua

Muita gente já me esqueceu...

Até aquelas, as quais,

os bilhetes enviados

ainda leio

São papeis mofados

em letras minusculas

Assuntos sem importância

que revisto...

Tenho fotos de lugares aonde fui

e nessas fotos nada de solidão revelada

Era a época do negativo....

Algumas imagens jazem nos monóculos

No loop temporal

as reticências se confrontam com o hiato...

Eu volto sempre ao instante do beijo não dado

e vejo seguidamente você partir

Por vezes lhe chamo pelo nome

é quando descubro, pela eterna vez,

que minha voz é silêncio

O vento, sim... assobia seu nome

enquanto passa as mãos nos seus cabelos

Há febre até na alma,

mas meu corpo acostumado

diz estar tudo bem, de novo...

09--03-2019

19h10min

Murillo diMattos
Enviado por Murillo diMattos em 09/03/2019
Reeditado em 09/03/2019
Código do texto: T6593977
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.