O que eu tenho para oferecer
O que eu tenho para oferecer
Depois de tanta dor, e sofrimento, e tristeza,
Talvez não seja amor, nem alegria, nem esperança,
Porque o amor dói quando traz desamor e mágoa,
Quando traz consigo a desesperança, o rancor, o sofrer...
Nem alegria, porque ela só pode vir quando sem mácula,
Sem feridas, nem passados machucados pelas cicatrizes que não se cicatrizam...
Nem esperança, porque não se pode ser completamente feliz se, para trás, deixa infelicidade, sofrimento, angústia.
O que tenho para oferecer talvez seja a ilusão.
Porque nela se pode sonhar, relembrar, imaginar
Que tudo está tudo bem. Tão bem.
Onde nada se está tão bem assim...
O que se pode oferecer de um coração que sangra, sofre, angustia, e chora...
Porque não se pode construir nada mais em um coração machucado, e não se pode ser tão feliz mais quando deixa infelicidade e dor no passado, em todos os outros corações que esperavam em ti.
O que tenho para oferecer?
Como se pode costurar um coração partido?
Não tenho nada mais para oferecer
A não ser dor. Tristeza. Solidão.
E tudo o que eu faço, e tudo o que eu fizer, até o fim de minha existência,
Será, no fim, tentar amenizar um pouco o muito que destruí.
Porque não mereço nada. Mas devo tanto!
E a todas as pessoas que cruzam e entram no meu caminho,
E que de alguma forma se envolvem comigo
São cúmplices deste legado,
Desta dor,
Destas marcas...
Eu não posso oferecer nada.
Infelizmente, de um coração vazio não se pode correr mais nenhum sangue para pintar minha vida de cor.
Resta a dor.
Resta a vida.
Para ser vivida... como ela puder ser