O saber preto é preciso.
Há pouco caçavam-lhe
no mato, nas selvas.
Queriam seu sangue;
seguiam seus passos,
traços marcados na relva...
Há pouco colocavam-lhe
cabrestos e ferros.
Queriam seus braços;
tiravam seu suor,
traziam-lhe atada a alma.
Ainda caçam-lhe nas ruas
e becos sem trégua.
Sua liberdade pela paz,
é o que perseguem
é a verdade que fazem sua.
Ainda sumirão com você.
Num lugar melhor para eles,
onde todos sejam iguais.
Ainda que lhe ceguem,
tirem sua alma sem morrer.
Não há lei, não há fora.
Melhor, não há fora sem lei.
De quem vence agora
é a história que contarei.
São os punhos da glória.
Qual é teu sonho, negro?
Liberdade sem segredo.
Qual é teu desejo, pardo?
Vivenciar sem ter medo.
Qual a diferença, pobre?
Perder nas regras do jogo.
Qual a invasão coloniza,
sem derrubar;
se não tomar;
se não podar;
se não matar?
Só o poder de fato autoriza!
Preto Senhor, não vacila.
É preciso, o saber preto.
De onde vem esse conto
por que me vendem, ainda?
Essa dúvida me aniquila!