OS MENINOS E AS RUAS
OS MENINOS E AS RUAS
AUTOR: Paulo Roberto Giesteira
Pés descalços ou de chinelos naquele estado,
Andarilho pelas ruas para tudo quanto é lado,
Como de seus piores aspectos abandonados;
Vagam ambulantes os meninos abandonados.
Suas roupas como lixos todos rasgados,
Da presteza a que foram atirados;
Desconhecendo o que é certo ou errado;
Nas maldades que são inocentes encaminhados.
As ruas a que foram inutilmente despejados,
Pelos sistemas dos trânsitos alterados;
As curvas dos estudos manobrados,
De esquinas surgem veículos acima dos transeuntes atropelados.
Herdeiros de um desamor a mal amados,
Desprezíveis pelas esquinas a que foram jogados;
Marquises das sobras e sombras a que foram deixadas;
De esquecido a espoleta de levado.
As pretensões de nada ser educado;
Das ruas que amparam as inocências como de desocupado;
Pelas proporções que rumam as leis de mercados,
A obediência aos seus preços que estão como marcado.
Com os seus semblantes gelados,
Caminhos que deveriam ser orientados;
Na fome pelos restos a que foram deixados,
Fomentada a miséria daquilo que é mal usado.
Pés descalços as ruas com os seus asfaltos descompassados;
Solos as temperaturas dos seus perfis dos encalços;
Pelos chãos que estão todos esburacados;
A topadas que a infringem por todos os itinerários e lados.
Das ruas nos recapeamentos desajeitados,
Andando para todos os cantos e lados;
Os meninos e as ruas de nada privilegiados;
Num abandono fútil a que foram desocupados.
Pelas marquises dos goles aquém anda embriagado,
Excesso de que está por encharcado;
Sonho a sonhos em seus cadernos rasgados,
Por algo em um canto esquecido e nunca lembrado.
Partidos pelo mundo por seus passos compassados,
Os meninos por lixos que estão pra ser exonerados,
Ruas dos ensinamentos desapropriados,
Pelos desenhos feitos pelas imaginações a que estão sendo rasgados.
Por ambos poder ser mais que abandonados.