Não Quero Mais Cantar Qualquer Canção
Não quero mais cantar qualquer canção.
Nem dizer pensamentos em versos.
Não vou dar vida ao que grita o coração.
Da tua medalha, serei o reverso.
Não creio mais no que dizem
e todo dia é um dia de fúria.
No céu as estrelas cintilam
e na terra, procuramos a cura.
A cura para os males que afligem o homem.
E meu canto surdo ninguém ouve.
Vamos dar as mãos
e unir todos os jovens
e esperar, na espreita da reunião, às nove
que os homens, que decidem
o que a gente come
e também, à toda nossa vida,
louvem a Deus e que em seus peitos
abra-se a ferida
que em nós, já sangramos, há tempos.
Que seus corações inflem de paz e igualdade
e suas ações, de amor e lealdade.
O novo virá e meu coração ingênuo pulsará,
cadenciado com o sol
que soca meu rosto todo dia.
O gosto amargo da orgia,
que desfruto toda noite louca
escorrerá pelos cantos da boca
adocicando o fel,
transformando a letargia.