OLHOS VENDADOS
Vendei meus olhos para não ver o que a vida me jogava na cara
pois vendi meus sonhos em troca de banalidades caras.
Estou xingando aos quatro ventos no hoje vulgar que me encontro
no marasmo mental que deleito.
Não quero me olhar no espelho
para não ver o fracasso em pessoa.
Tapei meus ouvidos para não ouvir
o soar da alegria alheia e não sofrer
mais do que já estou sofrendo.
O amor passou ao largo e o egoísmo sobrepujou-me.
Meus amigos se foram e meu grande amor também.
Hoje busco uma vida zen
como bálsamo às mazelas sentimentais.
As feridas sangram da aurora ao anoitecer.
E o riso elástico e pueril de qualquer criança
fere-me o peito feito flecha algoz.
Se não calei-me ainda
é porque talvez não aprendi o suficiente.
Essa mesma boca e língua viperina
responsáveis por tantas tragédias,
feriram sentimentos alheios e me prostrou
no paroxismo da triste individualidade.