OLHOS VENDADOS

Vendei meus olhos para não ver o que a vida me jogava na cara

pois vendi meus sonhos em troca de banalidades caras.

Estou xingando aos quatro ventos no hoje vulgar que me encontro

no marasmo mental que deleito.

Não quero me olhar no espelho

para não ver o fracasso em pessoa.

Tapei meus ouvidos para não ouvir

o soar da alegria alheia e não sofrer

mais do que já estou sofrendo.

O amor passou ao largo e o egoísmo sobrepujou-me.

Meus amigos se foram e meu grande amor também.

Hoje busco uma vida zen

como bálsamo às mazelas sentimentais.

As feridas sangram da aurora ao anoitecer.

E o riso elástico e pueril de qualquer criança

fere-me o peito feito flecha algoz.

Se não calei-me ainda

é porque talvez não aprendi o suficiente.

Essa mesma boca e língua viperina

responsáveis por tantas tragédias,

feriram sentimentos alheios e me prostrou

no paroxismo da triste individualidade.

Venerável Beda
Enviado por Venerável Beda em 19/03/2018
Reeditado em 20/03/2018
Código do texto: T6284697
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.