A Besta

enquanto inclinada a chuva caia

idéias do cérebro eu subtraia.

tentei entender o motivo de nossa tortura

e por que nossas doenças ainda não tem cura.

quem está escondendo o jogo ?

por quem os sinos irão dobrar ?

estou pronto para atear o fogo

e santo para ver o diabo chorar.

explorei minha lucidez ao máximo

e a timidez perdi em rápidas estrofes,

tentei amar meu próximo

e deixei que esvaziassem meus cofres.

enquanto inclinada a chuva caia,

meu coração revelava arrependimentos tardios.

os setes pecados capitais, à mim, pertenciam

e os trocados à mais, ao ingênuo, devolvia.

o ódio que me envolvia

quando alguém prometia o que não cumpriria

dissipava-se enquanto, inclinada, a chuva caia.

estou pronto para entender o motivo de nossa tortura.

estou tonto e não vou me ofender com sua ditadura.

tua contracultura, para meus iguais, vou ler e também sofrer.

mas enquanto a luz se escura , vou ver

que as verdades que Deus enviou e que decorei

há tempos eu já sabia.

E enquanto inclinada a chuva caia, sonhei.

sonhei que as medidas da fome e as da sede de justiça

têm a soma de sua cobiça

e já não me curam as mentiras que a sua voz jura,

já não me enfeitiça sua régia postura.

a verdade, do fim ao começo, me seduzia

enquanto a Bíblia Sagrada eu lia.

não sou Deus mas pareço, creia!!!

enquanto inclinada a chuva caia

em sua testa eu remarcava seu preço:

meia...meia...meia ! ? !

Venerável Beda
Enviado por Venerável Beda em 09/03/2018
Código do texto: T6275227
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