De repente, adulta

Quando foi que o tempo passou, que nem vi?

Estava, há pouco, sentada no quintal de casa

A brincar com minhas bonecas,

Estava há bem pouquinho tempo

A subir nas árvores do quintal dos meus avós,

A escalar o muro da minha casa,

Só para pegar limão no quintal do vizinho

Agora, há pouquinho mesmo, acabei de descer

Da escalada da parede da minha casa

(Queria apenas ver como era a vista lá de cima.

Curiosidade de menina.)

Que tempo é esse que não consegui saborear?

E eu que nem esperava passar dos dezoito,

Aceitadamente solitária e inápta,

Não sou mais a menina,

Fiquei sociável e habilidosa (como e quando?).

Credo! O que escalo agora? O que pentelho?

De repente, adulta, me vejo no espelho

Grande, encorpada (boniiita!),

Aquela que era magricela, desajeitada e tímida.

Como o tempo passa rápido!

Então, vou ficando por aqui,

Que a vida é curta, o tempo voa,

E tenho mais peraltices a conquistar,

Sempre a rir e cantarolar.

Marta Almeida: 02/03.2018