O caminho
Eu corria, bem longe, bem rápido, bem forte, eu corria.
Mais longe que os carros de corrida era minha jornada.
Seguia rápido, como quem quer três caminhos para uma só vida.
Doce Ingenuidade! Um caminho já custa muito a chegar
Seguia me sentindo sozinha, junto de todos,
Mas sem dividir a estrada com nenhuma alma
Iludida por uma ideia estúpida de fortaleza
Sem saber que juntos dói menos, sofre-se menos,
E se vai mais rápido com menos esforço
Seguia sem saber aonde ao certo chegar
Toda vez que eu pensava ter chegado, o rumo mudava
Depois da suposta linha de chegada, eu encontrava mais estrada
Cada ‘fim do caminho’ que encontrei era apenas
Um ponto de parada para descanso
E eu seguia após descansar
Mas cada vez que parava no ‘fim’ aprendia mais
Fui aos poucos, aprendendo:
A estrada não é carreira, é vida,
Aprendi que vida é conjunto, que caminhar é sempre junto,
Que parceiros nem sempre são nos modelos padrões
E são tão ótimos quanto os dos outros,
Descobri que o meu é sempre melhor que o do outro
Porque foi desenhado para mim,
Fui eu quem desenvolveu, eu o construiu,
Entendi que lembranças são o que fica para sempre
Mais que selfies, imagens de paisagens ou posts
E nada melhor do que construí-las com quem o caminho colocou à nossa volta
A cada nova milha à minha frente, fui percebendo que a tão sonhada chegada
Não era um lugar, um local ou um cantinho.
Não se tratava disso, nunca foi isso.
Notei que a chegada são os momentos do caminho que compartilhamos
Cada milha percorrida junto e não só, isso é a chegada,
O lugar há tanto perseguido somente para sentar-se e admirar.
Marta Almeida: 17/11/2017