O RENASCER DOS POVOS INDÍGENAS PARA O DIREITO

Poema declamado no Seminário de Direito Agrário, UFPB, com base no pensamento de Souza Filho (2009).

DIREITOS COLETIVOS - EM BUSCA DE UM CONCEITO

Cada um individualmente

Do direito é titular

Sobre a relação ou coisa

Mas há de se constatar

Patrimônio não integra

Individual e a regra

É de difuso chamar

Os direitos coletivos

São a função abstrata

Da lei que se concretiza

Independente da ata

Da consciência ou vontade

Do sujeito, qualidade

Que se arvora sensata

Não preciso estar sem casa

Pro direito à moradia

Nem integrar os “sem-terra”

Para ter direito um dia

De no campo trabalhar

Não preciso poetar

Pro direito à poesia

OS DIREITOS COLETIVOS NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

Dos direitos e deveres

Trata o Artigo 5º

Individuais, coletivos

Este artigo distinto

Abre as portas ao direito

Coletivo, mas com efeito

Não o define sucinto

Nos 37 e seguintes

Nossa Constituição

Demonstra esse direito

Na Administração

Pública, que vem fundada

Decerto abalizada

Por princípios que vão

Além da força retórica

Como a legalidade

Em que o administrador

Funcional atividade

Sujeita-se aos mandamentos

Do nosso ordenamento

Mais a impessoalidade

Também a moralidade

Expressa-se em garantia

A publicidade ainda

O nosso sistema cria

Um processo especial

No âmbito judicial

Ação popular – a guia

Porém não é instrumento

Válido para a proteção

Dos direitos coletivos

Mas da Administração.

O patrimônio cultural

Sai da esfera estatal

Para a coletiva ação

E muitos outros direitos

Que podem ser arrolados

À vida, à liberdade

À segurança, amados,

À saúde, educação

Previdência e sufrágio

Muito mais trago anotados

Em 1988

Nossa lei reconheceu

O direito dos indígenas

(O 231 entendeu)

O direito originário

Que eu entendo sacrário

Pois sempre lhe pertenceu

OS DIREITOS COLETIVOS DOS POVOS INDÍGENAS

Esta afirmativa vale

Para a grande maioria

Entretanto há exceções

As étnicas minorias

Dois direitos diferentes

Distingue-se nessas gentes

E explico sem arrelia:

À sociodiversidade

O direito à existência

E manutenção dos povos

O respeito é a essência

Direito à alteridade

À biodiversidade

Para a sobrevivência

Dos povos e das minorias

Há decerto outro direito

Que não pertence a todos

Mas dentro desse conceito

Somente à comunidade

Sendo uma realidade

E de cultural preceito

Vêm nessas categorias

Direitos territoriais

Organização social

E as ações culturais

Vindo também nesse bojo

Subdivisões no estojo

Direitos ambientais

Os direitos culturais

Refletem a própria essência

De um povo, como a língua

Mitos, a arte, ciência (saberes)

E a sua religião

Que faz diferenciação

Dos seres d’outra querência

A Constituição Brasileira de 1988 é um marco. Até a década de 80, com raras exceções, as Constituições latino-americanas nem sequer se referiam aos direitos dos povos indígenas.

O PROCESSO E OS DIREITOS COLETIVOS

Muitas vezes os direitos coletivos, indígenas ou não, embora reconhecidos formalmente pela lei, são desconsiderados pelo Poder Judiciário, reforçando sua invisibilidade.

Não obstante difícil

Há avanço na proteção

Dos direitos coletivos

E difusos, na ação

De ONGs e sindicatos

Porém meus desideratos

Clamam melhor situação

SOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONFLITOS: JURISDIÇÃO INDÍGENA

Legislações nacionais

Que servem ao capital

Não servem aos povos indígenas

É patente, é vital!

Se o capital necessita

Da garantia restrita

Ao ganho comercial

Os povos indígenas, não!

Querem aplicabilidade

Interna, enquanto povo,

Poder com efetividade

Também eficácia externa

Contra a opressão ‘eterna’

Reivindicam liberdade

A JUSDIVERSIDADE DA SOCIEDADE PLURAL

Enquanto não se formula

Social revolução

Que reponha o caminho

Da fraterna comunhão

É imprescindível o Estado,

Inda que modificado,

Para a manutenção (do sistema)

OS ÍNDIOS E O FUTURO DO ESTADO

O direito coletivo:

Despindo-se da vergonha

(E dos povos que renascem)

Da humilhação medonha

Que os cobriam e atavam

Por séculos escravizavam

Um novo caminho sonha (m)

Fazendo uma ponte com o filme “Martírios”:

E na língua guarani

Diz o Kaiowa sincero

Uma frase que aqui quero

Neste verso traduzir

Boquiaberto ouvi

Sem ‘saber socialismo’

Sofre o neoliberalismo

Diz o índio inteligente

“O que tá pegando a gente

É mesmo o capitalismo”